Melhores práticas para operar seu Corporate Venture Capital

DIWE
August 25, 2022
-
07 minutos
-
Inovação Corporativa

Entenda mais sobre Corporate Venture Capital e como esse investimento vem mostrando alta nos últimos anos, alcançando um aumento histórico de US$ 169,3 bilhões, em 2021.

A manutenção da posição de liderança das organizações tem se tornado cada vez mais difícil. Nesse contexto, discussões sobre a construção de novos negócios, novas tecnologias e soluções inovadoras ganharam espaço no ecossistema do empreendedorismo. O mercado oferece um leque de opções de investimentos em inovação, e tem apontado um direcionamento próspero para o CVC. Diante dessa via de crescimento, falar sobre Corporate Venture Capital virou temática entre os investidores que possuem a responsabilidade de entender o contexto que conduz para o surgimento dessa ferramenta e identificar se é o direcionamento adequado para a corporação.

Deseja estar por dentro dessa oportunidade de investimento? Acompanhe a seguir!

Corporate venture capital no mundo

O que significa Corporate Venture Capital (CVC)?

O Corporate Venture Capital é um modelo de Inovação Aberta com objetivo estratégico. É uma forma que as empresas têm buscado para conectar a necessidade de inovação com o empreendedor que já possui conhecimento do mercado e sabe como aplicar esse recursos em prol do crescimento. Apesar de sempre bem-vindo, obter retorno financeiro pode não ser o objetivo principal. O desenvolvimento de políticas de inovação, acesso a tecnologias e a visibilidade disruptiva que se obtém com o CVC são vistos como os grandes ganhos das empresas que adotam essa estratégia de inovação.

Nos últimos anos, grandes corporações se sentiram pressionadas devido a tendência do mercado em aceitar as soluções de inovações digitais, que ganharam alcance com o surgimento das startups. Essas pequenas empresas, muitas vezes ainda em estágio inicial, apresentaram novos modelos de negócio, produtos e até mesmo serviços.

Identificando o movimento crescente dessas pequenas empresas e mapeando a possibilidade de risco ao próprio segmento de atuação, as corporações passaram a ver com bons olhos a dinâmica de incorporar startups dentro da operação corporativa. O resultado desse processo foi o fomento à criação, conforme o desenho que vemos hoje, de fundos corporativos destinados a investimentos em novos negócios, o chamado fundo CVC.

Contexto: como o CVC tem atuado no mercado

Algumas pessoas consideram que a estrutura do Corporate Venture Capital é um conceito novo, mas em suas literaturas o professor de empreendedorismo, Gary Dushnitsky, cria uma linha do tempo e situa o início do CVC em 1960, como reflexo da Grande Depressão (1929), somado aos efeitos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Desde então, essa ferramenta de inovação de negócios passou por grandes transformações, conforme necessidade do mercado. Cada grande marco foi nomeado por Gary de Onda. Segundo alguns especialistas que deram continuidade aos estudos realizados pelo professor, o mercado estaria nadando na Quinta Onda do CVC, marcado por modelos estratégicos mais estruturados.

No contexto nacional, as empresas que atuam no varejo e com serviços financeiros são as que mais escolhem esse modelo de inovação. Segundo o levantamento realizado pela Bain Innovation Exchange, em 2021, aproximadamente 22 empresas dessas indústrias optaram pelo CVC.

Ainda segundo o mesmo estudo, comparando com mercado dos Estados Unidos, apesar do Brasil ter um valor de investimento drasticamente baixo, no comparativo, a taxa de crescimento consegue ser 7% maior.

Número de deals com participação de CVC no Brasil comparado aos Estados Unidos

Embora os propósitos estratégicos estejam enraizados no objetivo desse fundo corporativo, dados mostram como ele ainda sofre pressão para apresentar resultados de modo acelerado. A pesquisa apresenta que apenas 10% dos entrevistados geram expectativa de retorno do CVC a longo prazo, contra alarmante 75% que acreditam que o retorno será dado em um curto prazo.

Prazo esperado de retorno do CVC

O ano de 2021, foi marcado como “o ano” dos investimentos corporativos, tanto no cenário mundial, com US$ 169,3 bilhões investidos, quanto na América Latina, com aproximadamente US$ 4 bilhões em investimento. Esse montante foi gerado a partir de 96 negociações realizadas. Dessa fatia, 51% do valor operacionalizado por fundos de investimentos foi brasileiro.

Por que as empresas estão escolhendo esse veículo de inovação?

O CVC é considerado um investimento de mão dupla, ou seja, soma para ambas as partes. As corporações e startups são beneficiadas, independente do porte ou setor de atuação.

Primeiramente, olhando para as startups é possível identificar 3 benefícios do CVC:

  • A primeira grande necessidade que pequenos empreendimentos precisam para alavancar o negócio é, logicamente, a aplicação financeira para o crescimento operativo;
  • O segundo benefício, que vem de braços dados com o primeiro, é a conexão com o mercado. O CVC facilita o acesso das startups a executivos, mentores e especialistas que darão um norteamento quanto à estrutura escalável.
  • O terceiro pode ser construído de diferentes formas, mas consiste na abertura do caminho de possibilidades e acesso a novos clientes.

Em segundo lugar, podemos apontar os benefícios para a estrutura corporativa. A conexão entre corporates e startups podem ser guiadas em diferentes níveis de envolvimento. Não é possível dizer o caminho certo para o sucesso ou o fracasso. As incertezas econômicas e os risco da queda dos aportes, distribuem insegurança aos investidores.

Por isso, muito além dos benefícios, a visão do executivo que deseja utilizar o CVC como veículo de inovação, deve ser a identificação das práticas de operação, as abordagens que englobam o processo e estar atento a algumas temáticas conforme mostramos abaixo:

Exploração - a estrutura corporativa fechada impede a identificação das movimentações que estão ocorrendo no mercado. Sendo assim, torna-se uma excelente oportunidade para a exploração de novas áreas, conhecimento de novas soluções já em desenvolvimento em startups e ampliação do portfólio.

Inovação - oportunidade de operar com soluções de origem externa da corporação, admitindo novos modelos de negócios, permitindo acesso a fornecedores com base em todo tipo de inovação e tecnologia.

Vantagem Competitiva - fortalecimento de processos do ecossistema, tais como produção, vendas e distribuição, com objetivo de alcançar uma vantagem competitiva em relação às demais corporações.

Retorno financeiro - a construção interna de modelos de inovação podem gerar altos custos iniciais, devido a manutenção de uma equipe capacitada e todo o processo evolutivo que envolve essa linha de receita. Sendo assim, o CVC pode proporcionar uma vantagem financeira para as empresas que desejam inovar.

Sobrevivência - o trabalho nesse ponto tem um desafio muito maior, que é de antever o surgimento de possíveis barreiras que podem comprometer completamente a sobrevivência corporativa. Uma alternativa, é o preenchimento de lacunas a respeito das tendências tecnológicas com a busca de soluções estratégicas.

Corporate Venture Building: o que é quais as diferenças para o CVC

O Corporate Venture Building é definido como um modelo de inovação que estimula o desenvolvimento de projetos dos colaboradores internos. Dentro da rotina de trabalho, eles identificam a necessidade de explorar novos serviços ou produtos e, através de incentivos internos, essas ideias são avaliadas se são aderentes às estratégias da empresa.

É possível que áreas internas de inovação sejam criadas para dar estrutura ao andamento desses projetos próprios, cumprindo com todas as exigências necessárias para que a inovação não fique travada com burocracias internas.

A manutenção desse formato gera custos elevados. Enquanto no CVC a equipe exploratória, com conhecimento em inovação do mercado parte das startups, o Corporate Venture Building possui esses talentos internamente.

De forma simplória, o CVC pode ser visto como um Corporate Venture Externo, enquanto o CVB definido como Corporate Venture Interno. Em ambos os casos, o trabalho intenso na cultura organizacional para compreensão dos riscos inerentes na escolha dessas ferramentas de investimento se faz presente.

Como criar um Corporate Venture Capital?

Muitas vezes, a operação do Corporate Venture Capital tem início no desejo da abertura do portfólio da empresa, ou surge no comparativo com demais organizações do mesmo setor que estão inovando, e desperta um alerta da necessidade de inovação.

Entretanto, para dar início a um investimento em CVC, antes de tudo, é extremamente importante ter alinhamento estratégico com as lideranças da corporação. O entendimento que esse veículo de inovação opera pautado na forma exploratória deve partir de um direcionamento estratégico dos C-levels.

Além disso, deve-se concentrar as expectativas - compreender que nem todo investimento terá grande retorno financeiro - entender sobre a execução do processo e conscientizar a governança corporativa de como funciona.

A escolha do Corporate Venture Capital exige um trabalho na cultura organizacional com profundidade. Durante as negociações para aprovação do investimento, a análise executiva não deve girar em torno da premissa de fazer porque “todos fazem”, mas de como a parceria agrega valor à operação corporativa.

O CVC não nasceu para competir com os outros veículos de inovação disponíveis. A diversificação da carteira de investimentos é uma realidade possível. Mas direcionar o olhar para a jornada do cliente, e procurar atender a todas as demandas dele nesse processo, é um excelente mapeamento do caminho que deve ser trilhado pela corporação nesta escolha.